sábado, 7 de fevereiro de 2015

Vou


Irresistível é a imensidão do mundo 
E desaforo ficar parada diante dela 
Quero abraçar o mundo, ainda que meus braços sejam apegados ao ninho 
Pois foi o ninho que me deu coragem para ir além dele 

O afago no pescoço no passeio de bicicleta 
A febre da escarlatina 
A força dada às minhas pernas 
O carinho no joelho 

Jogo de bola 
Cabelo amarrado 
A molecagem 
“Deixe ser do jeito dela” 

O mato e o rio 
Sagacidade na fisgada do peixe 
Tiros certeiros 
Audácia da caçada na noite 
A dor da picada da tocanguira 
Curiosidade... 

Batalhas, tropeços, dificuldades 
Sempre juntos 
Superações constantes, juntos 

A coragem, presente 
A coragem 
Nesta minha vida 
Motivam a encarar 

E o ninho, indestrutível, convida a seguir sem temor 
Constatar que o mundo, imenso, é pequeno 
E pode ser todo meu 
Pois meus pés podem pisar onde eu quiser 
Porque as linhas divisórias só existem nos mapas 
As fronteiras são invenções dos homens 
Convenções as propriedades 

E quando eu necessitar volver 
O meu ninho estará aqui 
Sempre amável 
Quente 
Seguro 
Pronto para me receber 
Aconteça o que acontecer 

Eu posso voltar para ele 
Mas, para voltar, é preciso ir 
E ver o que há 
E o desejo é ir 
Desbravar 
Conhecer 
Me reconhecer 
Em cada canto e face estrangeira 

Porque, é certo 
Em cada canto 
Há um desafio e uma novidade 
Não há o que temer 
Pois ele, o ninho, sempre velará por mim 
Então vou 

Sem medo