sábado, 23 de abril de 2016

Marlei

Pepita dourada, pequena, lá do Potrerito
Derretida menina de Amélia
Vestido branco, cabelo preto

Menina modelada pelo ourives Tempo
Talhada com vigor e beleza
Morena colant azul-piscina
Solda corações com o seu andar

Quem a olhava moça
Não imaginava a nobreza de suas fibras
Da qual talvez sequer você, senhora, tenha plena consciência

Seu valor não é efêmero
Sua resistência, rara, suporta as intempéries
Coisas da vida
Que levam anéis e deixam dedos 
que guiam, afagam e sustêm - infinitamente mais valiosos por isso

Joia polida, cravejada de fé
Preciosa nas lutas

Bonita de viver, por viver
Cada vez mais bonita na vida
Tempo sabe o que faz


*23 de abril de 2016, 58 anos da mamãe.

domingo, 17 de abril de 2016

Como será o amanhã?

Sol tinindo, propício para um banho de rio.
Roseira florida neste domingo lindo de abril.
Mas - acabou a poesia - minha flora não está legal! (Só compartilho isso porque achei muito pertinente, considerando o momento histórico.) Deve ser virose...
Nada de rio, vou ficar quieta aqui.
Sentada na poltrona monocraticamente eleita, minha cabeça está na segunda-feira.
Como será o amanhã?




quinta-feira, 21 de janeiro de 2016

Deixe amar*


aquele que tem
a pretensão de ditar
o custo, o gênero ou a posição do amor
deve trazer consigo
a soberba do salvo, aquela que transfigura a face

ou é o que guarda a dúvida do que não provou
quiçá, ainda, guie-se
pela autoridade do hipócrita

pois, se há pecado neste mundo
bem-vindos todos à sua irresistível prática!
e sempre haverá um - assim dito - pecado
que, sendo alheio, causará especial incômodo

saiba:
seu pecado
também poderá causar incômodo a outrem
ou ser ignorado
por sua doce irrelevância

que, em ser livre para amar
para pecar e, caso queira, para perdoar
deve residir a essência do não julgar

pela consciência de que
nesta terra
tudo acabará
em indiferente pó




*Esse poema foi escrito em junho de 2015. Na época, a Suprema Corte dos EUA aprovou o casamento gay em todo o país e ocorreu uma grande polêmica na internet em razão de uma ferramenta disponibilizada pelo Facebook, pela qual os usuários podiam inserir as cores do arco-íris em suas fotos de avatar, em celebração à decisão americana.