quarta-feira, 26 de agosto de 2009

trechinho de A insustentável leveza do ser, de Milan Kundera.

Um dia, Tereza chegou a sua casa sem ser convidada. Um dia, partiu da mesma maneira. Chegara com uma pesa da mala. Com uma pesada mala partira de volta.

Pagou a conta, saiu do restaurante e foi dar uma volta pelas ruas, cheio de uma melancolia cada vez mais radiosa. Tinha atrás de si sete anos de vida com Tereza, e agora percebia que esses anos eram mais belos na lembrança do que no momento em que tinham sido vividos.

O amor entre ele e Tereza era belo mas doloroso: era preciso sempre esconder alguma coisa, dissimular, fingir, retificar o que dizia, levantar-lhe o moral, consolá-la, provar continuamente que a amava, suportar as reclamações de seus ciúmes, de seu sofrimento, de seus sonhos, sentir-se culpado, justificar-se e desculpar-se. Agora, o esforço tinha desaparecido, e só ficara a beleza.

3 comentários:

Luiz Roberto Lins Almeida disse...

eu gostei do filme tbm. Vale a pena.

Gustavo disse...

Adoro Kundera, Risíveis Amores...
Abraços,

Gustavo

ps: passa no papagaio; quem sabe você gosta de me fazer uma visita...

Gustavo Meneis disse...

Esse livro eu li há muito tempo atrás e naquela época não me fez muito sentido. Não gosto dele até hoje. Mas lendo esse trechinho, não é que pintou uma identificação de leve. Será que eu o releio? Não, acho que não.